Já ouvi diversas descrições de felicidade sendo que uma boa parte delas mencionava "paz". Bem, paz é o que nos falta nestes tempos atribulados.
Eu me sinto incomodado quando pessoas que desconhecem a felicidade resolvem falar ou escrever sobre ela. Abra o Google e procure "Felicidade" e associe com "efêmera"; você poderá encontrar vários textos tentando te convencer que a felicidade não é possível; não pode ser alcançada.
A felicidade no entanto é possível e está acessível a qualquer pessoa. Apesar do nome do blog ser Shodoka e eventualmente citarmos "satori" e outras palavras estranhas ao nosso idioma, a felicidade é possível aos ocidentais, a quem não pratica meditação nem está vinculado a esta ou aquela religião. O Oriente se ocupou mais desse tema e por isso é de lá que nos chegam mais informações a esse respeito. Naturalmente há também informações no Ocidente; há excelentes descrições de estados emocionais intensos, além do que entendemos como "normais". Vamos tratando disso nos próximos "posts".

Falta a Definição

Cada pessoa entende ao seu modo a felicidade. Algumas pessoas acham que a alegria é superior à felicidade porque a alegria nos coloca mais “para fora”, somos mais expansivos. Essa é uma distinção importante: na alegria compartilhamos o sentimento com outras pessoas, já a felicidade pode ser completamente solitária.

Algumas pessoas ao se sentirem infelizes buscam o prazer. Prazer é uma outra coisa. É bom mas não se liga com a felicidade. Prazer é mais sensorial e pode estar ligado a sentimento que se apoia em coisas concretas como, por exemplo, o prazer ao ganhar ou comprar um objeto desejado. Algumas pessoas podem dizer da “alegria” ao ganhar o primeiro carro, mas esse sentimento está mais próximo do prazer e mais longe da felicidade.

Temos então:

  • prazer – físico, o mais freqüente, associado aos órgãos dos sentidos (comer, beber, ouvir, ver, contato físico/pele), podendo subir um pouco na escala e atingindo emoções, mas ainda ligado a coisas/objetos.

  • alegria – frequentemente ligada a pessoas e objetos, tendendo ao contato (emocional). O exemplo mais simples e freqüente é a alegria que sentimos em uma festa, onde estamos com pessoas que também estão sintonizadas nesse sentimento. Tanto a alegria como o prazer são absolutamente transitórios por se apoiarem em situações/condições específicas/pessoas/objetos.

  • felicidade – existe em um âmbito mais pessoal e em nível mais profundo, podendo não se apoiar em nada que seja concreto ou objetivo; pode ser puramente subjetiva, apesar de poder se associar também a determinadas condições objetivas. Em outras palavras a felicidade é apenas o sentimento de uma pessoa, independente do que lhe é externo.

As pessoas são diferentes e, por isso, algumas buscam prioritariamente o prazer, outras preferem a alegria e, algumas outras desejam a felicidade. Diante disso surgem algumas perguntas:

1 – De qual desses sentimentos/sensações você sente falta?

2 – Qual desses sentimentos/sensações você considera mais importante?

3 – Qual deles você acha que precisaria alcançar?

Comente.

Quem Sabe Não Fala, Quem Fala Não Sabe

...ou vice-versa.
São inúmeros artigos falando sobre a felicidade e sempre transmitindo uma visão pessoal. A Felicidade fica, por isso, como sendo uma questão de opinião, como na religião ou política. Ocorre que a Felicidade não é uma crença nem uma associação, mas o nome de um sentimento e precisa ser tratada de forma mais técnica.
No Zen encontramos a frase "Quem sabe não fala, quem fala não sabe, para indicar que a pessoa que atingiu o Satori, caso tente descrevê-lo para alguém, parecerá louco, pretensioso, desequilibrado ou algo parecido, simplesmente porque as palavras não conseguem definir com precisão a magnitude da experiência emocional.
Isso é compreensível, porém as pessoas que desconhecem a felicidade afirmarem que ela não existe ou que ela é assim ou daquele outro jeito, é no mínimo temerário.
Vou citar como exemplo dois artigos escritos por pessoas idôneas e que merecem respeito, mas que infelizmente não escaparam desse lugar comum.
O primeiro é Stephen Kanitz (leia). Por ser voltado para o mundo contábil, podemos até aceitar que tenha essa visão e empregue o óbvio "efêmero" para qualificá-la.
O segundo é do psicanalista, escritor e educador Rubem Alves, publicado na revista Psiquê - Ciência e Vida - n. 28, sob o título "A difícil Arte de Ser Feliz". Rubem Alves fala da felicidade em vários dos seus textos mas neste especificamente diz: - "Não é possível ser feliz. O máximo que os deuses nos concedem são momentos de alegria...".

Este blog cumpre a função de estimular as pessoas que têm a felicidade como meta, a prosseguirem nessa busca, afirmando que o "estado de Buda", o "estado alterado de consciência", o "Satori" e a nossa simples e ocidental Felicidade existem e podem ser alcançados.

Pensando nas Respostas

Fico pensando se me faria feliz - realmente feliz:
- Estar no próximo BBB
- Ganhar na loteria (sozinho e prêmio acumulado)
- Curar aquela dor nas costas que incomoda tanto
- Evitar um crime que se tornou comoção pública (Isabella)
- Acabar com todas as dores do mundo
- Passear pela praia, descalço, despreocupado, sentindo um leve calor, a brisa, vendo as cores do céu e do mar

Respondendo a perguntas como essas é podemos começar a perceber onde está nossa felicidade. Onde está a sua? Sem essa resposta não será possível aproximar-se dela.