Desta vez foi Leonardo Boff.
Em um artigo ele ataca a "indústria da felicidade... sob o nome de auto-ajuda", e continua: "com cacos de Ciência e de Psicologia... mãe ou pai-de-santo ou um centro espírita, ou frequenta um grupo carismático, consulta um guru ou lê o horóscopo ou estuda o I-Ching...".
Vocifera contra todos e, conforme promete o título do artigo (Qual é a Felicidade Possível?), acaba por dar a sua receita de felicidade, enfatizando a "Dialética da Felicidade": "Morrer é mergulhar na fonte".
Diante disso acho que vale citar mais uma vez: Quem sabe não fala, quem fala não sabe.
Leonardo Boff
Satori, Nirvana, Despertar, Libertação, Iluminação Ocidental
A Filosofia abordou a Felicidade desde seus primórdios. A "ciência" sempre evitou o contato com esse termo, tentando evitar alguma contaminação. Ultimamente surgiram algumas abordagens científicas sobre a felicidade.
Este livro não trata da felicidade filosoficamente nem discute sua existência, ao contrário, entende a Felicidade como um sentimento e, obviamente possível. Usando ilustrações do século XII (atribuídas a Kakuan Shien), traça um paralelo entre o sentimento percebido no "Despertar" descrito nas filosofias e religiões Orientais, com a "libertação" e felicidade" sentidos em insights obtidos através da psicoterapia Szondiana. Não se trata de um livro de "auto-ajuda" e sim um relato comparativo de dois processos que poderíamos entender como "Individuação".
Ele pode ser adquirido nas livrarias ou pelo Correio. Envie uma mensagem para cmfelicidade@gmail.com para solicitá-lo, informando o endereço completo para entrega. O valor é R$ 26,00 + o valor do frete.
ÊXTASE
Há uma experiência emocional extremamente forte, individual e frequentemente indescritível. Ela ocorre tanto no Oriente como no Ocidente e não está ligada à prática de exercícios ou a conhecimentos específicos (religiosos inclusive).
Em meu pequeno livro "Satori - Iluminação Ocidental", publicado em 1995, faço um paralelo entre as experiências emocionais no Ocidente (mais especificamente o desenrolar da Psicologia do Destino de L. Szondi, e a "Iluminação" das religiões e filosofia Orientais. O roteiro utilizado foi "As Dez Figuras de Apascentar o Boi", ilustrações do século XII. Além dos exemplares que tenho comigo, há algum tempo ele ainda podia ser encontrado na "Casa do Psicólogo" e no "Instituto Pieron".
Do Oriente recebemos diversas descrições do êxtase do Satori, como por exemplo as cartas enviadas por Yaeko Iwasaki (herdeira do fundador da Mitsubishi) ao seu mestre, das quais transcrevo:
- "Hoje pela primeira vez atingi a sublime iluminação. Sou tão imensamente feliz que tudo em mim está dançando, independente de mim. Ninguém a não ser o senhor poderá compreender este êxtase."
Em seguida ela descreve alguns detalhes que permitem ao "mestre" identificar esse estado, que não fazem sentido a não ser para iniciados no Zen, como por exemplo: "... Já vi minha face antes dos meus pais nascerem, tão claramente quanto um diamante na palma da minha mão."
O êxtase é imenso, a alegria profunda e intensa, a mente parece ter adquirido todo o conhecimento do universo (o "Tao").
Das várias descrições ocidentais, há diversas apresentadas por santos da igreja Católica. Alguns, como de Santa Teresa D'Avila, são questionados por leigos e a psicanálise oferece interpretações à respeito.
Abaixo dois relatos:
São Filipe Néri - Pelo fim da vida já não lhe era possível dizer a santa Missa em público, tanta era a comoção que lhe sobrevinha, na celebração dos santos mistérios. Estando no púlpito, as lágrimas lhe embargavam a voz quando falava do amor de Deus e da Paixão de Cristo. Quando celebrava a Missa, chegando à santa Comunhão, pelo espaço de duas a três horas ficava arrebatado em êxtase enquanto o corpo se lhe elevava à altura de dois palmos.
Santo Agostinho - Durante esta conversa das coisa divinas, buscando, juntos, a luz e a verdade e pensando como seria a vida dos santos, de repente se sentiram em êxtase e, imensamente felizes, usufruíram da doçura da presença do Senhor. Que viram naquele êxtase? Ninguém sabe. Mãe e filho, porém se sentiram voar para Deus e chegaram até o céu. Esta cena passou para a história agostiniana com o nome de O ÊXTASE DE ÓSTIA.
Para algumas pessoas esses relatos parecem não causar nenhum efeito; para outras a curiosidade fica extremamente aguçada e parece que é sobre estas últimas que se refere a primeira lâmina desenhada por Kakuan Shien: "Procurando o Boi".